Triângulo do Crime: O que é? Origem, Elementos – Teoria do Crime
A Teoria do Triangulo do Crime é baseada na afirmação de que o crime predatório ocorre quando um infrator motivado e um alvo adequado convergem no mesmo tempo e lugar, sem a presença de um guardião capacitado (ausência de segurança).
O crime ocorre quando um criminoso motivado e uma vítima em potencial se encontram no mesmo lugar e espaço de tempo, sem a presença de um guardião.
A Teoria do Triângulo do Crime, também conhecida como Triângulo de Análise de Problema, tem sua origem em uma das principais teorias da criminologia do ambiente – a Teoria da Atividade Rotineira.
Por José Sérgio Marcondes.
Postado 18/09/2015 atualizado 22/02/2020
Índice do Conteúdo
1. Definição da Teoria do Triângulo do Crime2. Origem da Teoria do Triângulo do Crime
3. Elementos do Triângulo do Crime
4. Controle sobre os Fatores do Crime
5. Três Tipos de problemas que desafiam a Polícia
6. Conclusão
7. Participação do leitor
8. Dados para citação em trabalhos
9. Referencias Bibliográficas
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1. Definição da Teoria do Triângulo do Crime
A Teoria do Triângulo do Crime faz parte de um conjunto de teorias que direcionam e embasam o desenvolvimento e implementação das medidas de segurança praticadas pela Segurança Pública e Segurança Privada.
A Teoria do Triângulo do Crime pode ser compreendida como forma de pensar e entender os motivos das ações criminosas a partir de observações e estudos dos crimes já ocorridos.
É um conjunto de princípios e fundamentos que ilusida um conjunto de idéias e que serve como parâmetro para uma ação ou tomada de decisão.
É formada por observações, idéias, princípios e consenso, constituindo no seu todo um conjunto que tenta explicar determinados fenômenos.
A maioria das teorias de criminologia se concentra nos fatos que fazem as pessoas se tornarem “criminosas”.
Estudam as causas em fatores como as práticas de educacionais das crianças, componentes genéticos e causas psicológicas ou sociais.
Já as teorias e conceitos da criminologia do ambiente lidam com as causas situacionais imediatas dos eventos criminosos, incluindo motivações, oportunidades e proteção insuficiente dos alvos.
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2. Origem da Teoria do Triângulo do Crime
A Teoria do Triângulo do Crime, também conhecida como Triângulo de Análise de Problema, tem sua origem em uma das principais teorias da criminologia do ambiente – a Teoria da Atividade Rotineira.
Essa teoria, originalmente formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, afirma que o crime predatório ocorre quando um infrator motivado e um alvo adequado convergem no mesmo tempo e lugar, sem a presença de um guardião capacitado (ausência de segurança).
Essa teoria assume como dado a existência de um provável infrator, já que a ganância e o egoísmo humano são explicações suficientes para a maioria das motivações para o crime.
Ela não faz distinção entre uma vítima humana e um um alvo inanimado (objetos, valores e bens) já que ambos podem servir ao propósito do infrator.
A Teoria do Triângulo do Crime define um guardião capacitado como agentes e/ou dispositivos de segurança.
Cohen e Felson utilizaram essa teoria para explicar porque as taxas de crime aumentaram substancialmente entre a década de 1950 e 1970 nos países ocidentais. E eles perceberam que durante esse período de tempo, as mulheres começaram a sair de seus lares para trabalharem, razão pela qual suas casas ficavam sem um guardião facilitando assim o acesso aos locais (VITO; HOLMES; MAAHS; 2007).
Nessa teoria se originou o Triângulo de Análise do Crime em que cada lado representa o infrator, o alvo/vítima e o local.
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3. Elementos do Triângulo do Crime
Constitui elementos do triângulo do crime: o infrator motivado, o alvo/vítima e o local.
Pressupõe-se que para haver a ocorrência de um ato criminoso são necessários os três elementos acima.
De acordo com a Teoria do Triângulo do Crime, o crime somente ocorre quanto os três elementos (motivação, técnica, oportunidade) se encontram no mesmo local e espaço temporal, ou seja, no mesmo momento.
A convergência dos três fatores é fundamental para a ocorrência da ação criminosa.
3.1 Infrator Motivado
a existência de um indivíduo com desejo ou necessidade de praticar uma ação criminosa, se configura em um infrator motivado.
A motivação é ativada pela necessidade de exercer uma ação ou pelo desejo de se obter uma condição, objetivo, objeto ou bem.
São vários os fatores que podem motivar um infrator, dentre eles podemos destacar:
- Necessidades fisiológicas (água, ar, alimento, sexo, sono e abrigo);
- Necessidade de autoestima, status, afiliação com outras pessoas, afeto, realização e autoafirmação;
- Necessidades financeiras causadas por descontrole e ganancia financeira;
- Dívidas geradas por jogos de azar ou consumo de drogas;
- Desejo de vingança;
- Sentimento de ciúmes, inveja, injustiça, rejeição, raiva e etc;
- Desvio de conduta: caracterizado por padrões persistentes de conduta socialmente inadequada, com violação de normas sociais ou direitos individuais. desvio de caráter, indivíduos propensos
3.2 Alvo/Vítima
Alvo refere-se ao objeto/pessoa de interesse do infrator, e vítima é a pessoa que sofre os resultados negativos dos atos do infrator.
3.3 Local
Local se refere aos espaço físico onde um infrator motivado pode vir a cometer um crime.
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4. Controle sobre os Fatores do Crime
A formulação mais recente do triângulo de crime acrescenta um triângulo exterior de “controles” para cada um dos três elementos originais:
4.1 Controle sobre o Infrator (Supervisão)
Para o controle do infrator, se faz necessário ações de supervisão sobre seu comportamento, por alguém que conhece bem o infrator e que está na posição de exercer algum controle sobre suas ações.
A supervisão, em primeira instância, inclui os pais, irmãos, professores, amigos e cônjuges.
Numa segunda instância, a supervisão pode ser realizado pelo poder público, por meio de policiamentos ostensivos, ou acompanhamento de infratores, que não foram colados na prisão, mas cumprem pena em liberdade por algum crime.
As ações preventivas sobre o infrator, recai em grande parte sobre o Estado, na adoção de politicas educacionais, inclusivas, sociais e de Segurança Pública que reduzam a existência de indivíduos com motivação para o crime, e da correta e isenta aplicação de medidas socioeducativas e carcerárias quando se fizerem necessárias.
A ação sobre o criminoso em potencial é obrigação do Estado através de Políticas de Segurança Públicas adequadas.
4.2 Controle sobre o Alvo/Vítima (Guardião)
Para o alvo e a vítima, o controle se refere a adoção de uma posição de Guardião. Onde devem ser adotadas medidas de segurança preventivas visando a proteção das pessoas e do patrimônio.
As ações de guardião podem ser a adoção de medidas de segurança mais complexas e elaboradas de forma a dificultar o acesso do criminoso ao bem desejado, exigindo um grau de conhecimento e habilidade mais relevante para pratica da ação criminosa.
Quanto maior for o grau de dificuldade para a execução da ação criminosa, menor será a chance dela ocorrer.
As medidas preventivas de segurança devem buscar agir como fator dissuasivo as ações criminosas.
Guardiães também incluem as atividades da Segurança Pública e da Segurança Privada.
4.3 Controle sobre o Espaço (Administração)
Para o local, o controle se baseia na administração do espaço, refere-se a sua ocupação, organização, manutenção, regulação e fiscalização. Onde-se tem como responsáveis pela administração, em se tratando de bem privada o proprietário e em casos de bens públicos o Estado.
A presença do Estado e de responsáveis nos referidos espaços, associados a adoção de políticas de conservação, de ambiente saudável de organização e controle, tendem a dissuadir infratores potenciais.
Quando um crime está ocorrendo, todos os elementos no interior do triângulo devem estar presentes e algum dos elementos externos do triângulo devem estar fracos ou ausentes.
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5. Três tipos de problemas que desafiam a Polícia
O triângulo de crime é a base para outra útil ferramenta analítica – uma classificação dos três principais tipos de problemas que desafiam a polícia e uma teoria sobre como esses problemas surgem.
John Eck e William Spelman proporam classificar esses problemas em “LOBO”, “PATO” e “TOCA”:
5.1 LOBO (Problemas de Infrator Repetido)
o problema do infrator repetido envolvem infratores atacando diferentes alvos em diferentes lugares.
Estes são os problemas LOBO. Um ladrão armado que ataca uma série de diferentes bancos é um exemplo puro de um problema LOBO.
Problemas LOBO ocorrem quando criminosos são capazes de localizar ocasionalmente alvos e lugares vulneráveis.
Os Guardiões e Administradores desses alvos e locais podem atuar para prevenir ataques futuros, mas os infratores passam a atacar outros alvos e lugares. É a falta de controle pela Supervisão que facilita os problemas LOBO.
5.2 Pato (Problemas de Vitimização Repetida)
Envolvem vítimas que são repetidamente atacadas por infratores diferentes.
Esses são os problemas PATO. Taxistas que são assaltados repetidamente em locais diferentes por pessoas diferentes, é um exemplo puro de um problema PATO.
Problemas PATO ocorrem quando as vítimas continuamente interagem com infratores potenciais em lugares diferentes, mas as vítimas não aumentam as suas medidas de precaução e os seus guardiães estão ausentes ou são ineficientes.
5.3 Toca (Problemas de Local repetido)
Envolvem diferentes infratores e alvos interagindo no mesmo local.
Esses são os problemas TOCA. Um estabelecimento que serve bebidas alcoólicas e que tem alto índice de brigas, mas sempre entre pessoas diferentes, é um puro exemplo de um problema TOCA.
Esses problemas ocorrem quando novos e potenciais infratores e novos e potenciais alvos encontram-se em um local cujo gerenciamento é ineficiente. O local continua facilitando a ocorrência de problemas.
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6. Conclusão
De acordo com a Teoria do Triângulo do crime, quando um crime está ocorrendo, os três elementos do crime (infrator, alvo e local) devem estar presentes e algum dos elementos de controle (guardião, supervisão ou administração) devem estar fracos ou ausentes.
Pergunte a si mesmo, “Como triângulo do crime se configura antes, durante e após o crime? “
Entendendo como a oportunidade para o crime ocorre, o ajudará a pensar sobre o que pode ser feito para: prevenir infratores de cometerem novos delitos através do melhor uso de supervisores; ajudar as vítimas a reduzirem as suas probabilidades de se tornarem alvos; e alterar locais onde os problemas ocorrem, praças, escolas, empresas, bancos etc.
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José Sergio Marcondes – CES – CPSI – Gestor, Consultor e Diretor do IBRASEP. Sou um profissional com competências sólidas nas áreas de segurança privada e gestão empresarial. Conecte comigo nas redes sociais.
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8. Dados para citação em trabalhos
MARCONDES, José Sérgio (18 de setembro de 2015). Triângulo do Crime: O que é? Origem, Elementos – Teoria do Crime Disponível em Blog Gestão de Segurança Privada: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/triangulo-do-crime-seguranca-fisica/ – Acessado em (inserir data do acesso).
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9. Referencias Bibliográficas
VITO, Gennaro F.; MAAHS Jeffrey A.; HOLMES, Ronald M. Criminology: theory, research and policy. 2.ed. United States: Jones and Bartlett Publishers, 2007.
Sherman, Lawrence and John Eck. 2002. Policing for Crime Prevention. Pp. 295-329 in Evidence-Based Crime Prevention, edited by Lawrence Sherman and colleagues. New York: Routledge.
Smith, Martha and colleagues (2002). Anticipatory Benefits in Crime Prevention. In Analysis for Crime Prevention. Crime Prevention Studies, Volume 13. Monsey, New York: Criminal Justice Press.
Felson, Marcus e Ronald Clarke (1998). Opportunity Makes the Thief. Police Research Series, Paper 98. London: Home Office.
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18 Comentários
Olá Robson Nogueira!
Obrigado pelo seu comentário.
Fico muito feliz em saber que o artigo está sendo útil pra você.
Forte abraço e sucesso.
O trabalho me esta sendo muito importante para meu crescimento em segurança pois me ensinou a traçar os perfis para futuros trabalho de campo em meu município, devem continuar publicando tais pesquisas pois estão a ajudando muitos profissionais da área de segurança desde já agradeço por esse trabalho.
Obrigado Eric!
Forte abraço e sucesso!
Excelente material, obrigado!
Olá Rodrigo Gomes Vieira!
Obrigado pelo seu comentário e forte abraço.
Material de trabalho que enriquece o conhecimento do profissional de segurança, muito obrigado!
Ola Rodrigo Azevedo!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso na sua carreira!
Muito bom!Para nós Vigilantes um blog excelente,sempre atualizado.Forte abraço!
Ola Ramon Vieira!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso na sua carreira!
Ola Ramon Vieira!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso na sua carreira!
Discernimento apurado para o tema ( triangulo do crime) nao so este tema, mas como todos os outros que tive acesso.
Muito boa a explicaçao sobre o triangulo do crime, eu ja havia visto outras explicaçoes sobre o tema, mas a sua explicaçao esta muito superior …parabens!
Olá Roney!
obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso!
LENDO SOBRE O TRIÃNGULO DO CRIME, PERCEBE-SE QUE ELE ESTÁ PRESENTE NO NOSSO COTIDIANO, O FATOR SURPRESA É A PERCEPÇÃO EM EVITA-LO.
Olá Milton!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso na carreira!
Gostei! Obrigado pela oportunidade de evoluirmos o conhecimento, o triângulo do crime é de grande aproveitamento no nosso setor para aplicação de preleção e etc.
Obrigado sr José S Marcondes
Boa tarde Angelo!
Obrigado pelo comentário, fico feliz em saber que estão sendo muito úteis para o seu crescimento profissional.
Forte abraço e sucesso na carreira.
Boa tarde!
Ótimo os materiais disponibilizados.
Tenho certeza que já estão somando demais na minha carreira profissional.